Este artículo, traducido por  Claudio Giordano, es una reflexión sobre las funciones y el uso político de la utilización de la Biblioteca Real como museo. Desde el reinado de Alfonso XIII hasta la Transición, determinados fondos de la entonces denominada Biblioteca de Palacio se convirtieron en objetos museales.

El Coloquio internacional que reunió en la BNCR a un grupo de especialistas, reunidos por Andrea de Pasquale, se insería en un debate de plena actualidad: la transformación de las bibliotecas históricas en espacios museográficos insertos en polos museales. Dossiè Livro-7, coordinado por Marisa Midori y Andrea de Pasquale, publica ahora estos trabajos a la espera de la edición de las Actas.

O colóquio internacional Le Biblioteche Anche Come Musei: Dal Rinascimento ad Oggi (As Bibliotecas Também Como Museus: Do Renascimento à Atualidade) reuniu estudiosos na Biblioteche Nazionale Centrale di Roma (BNCR), em 16 e 17 de novembro de 2016. A questão que se propôs aos convidados não poderia ser mais oportuna, no momento em que dirigentes e pesquisadores são desafiados a repensar as funções e formas de apropriação de bibliotecas, museus e arquivos em um cenário de revoluções no sistema de comunicações, com seu impacto sobre os suportes da escrita, mas, também, sobre os procedimentos e técnicas de armazenamento e classificação das informações.

Podemos dizer que os expositores pareciam concordar, em uníssono, sobre a necessidade de refutar as adesões simplistas à digitalização dos acervos, visando ao esvaziamento das instituições, ou, o que é bem pior, as políticas restritivas às doações e aquisições que possam enriquecer as coleções existentes. Olhar para o passado lhes pareceu um ponto de partida fundamental para a elaboração de projetos condizentes com os desafios de hoje e do amanhã.

Na verdade, a inserção de museus no interior das bibliotecas se inscreve na tradição italiana desde meados do século xix, tornando-se fecunda até, pelo menos, a década de 1940, pari passo com o incremento generalizado da atividade de exposição temporária das bibliotecas, o que fez das instituições instrumentos importantes da propaganda fascista. Tal fenômeno se reproduz igualmente na Espanha franquista, quando se observam mudanças significativas nas orientações e conteúdos do museu do livro inserto na Biblioteca Real de Madrid. Ao observar esse fenômeno sob uma perspectiva de longa duração, parece certo que a Biblioteca Alexandria se apresenta como um paradigma a ser retomado em diferentes conjunturas, na forma de bibliotecas principescas e reais, na Europa do Antigo Regime, muitas das quais se convertem e, na época contemporânea, em bibliotecas nacionais. Nesse sentido, parece correto afirmar que o partido arquitetônico e os motivos decorativos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro traduzem bem o sentido de um palácio destinado a enaltecer a república brasileira. Para além das questões políticas, os estudos que compõem este Dossiê apontam para reflexões inovadoras no campo da História das Bibliotecas, por exemplo, a percepção das coleções bibliográficas como artefatos museológicos e seus pontos de contato com a política, conforme assinalado acima, mas, também, com a própria cultura do livro, seja do ponto de vista da bibliofilia, seja em sua relação com a cultura de massas. O que nos leva a refletir sobre as múltiplas formas de apropriação das bibliotecas, ontem e hoje, desde a percepção de que elas se inscrevem nos itinerários dos viajantes eruditos do passado, até a sua adequação às visitas de um público bem mais abrangente de leitores e de frequentadores interessados por seus serviços. Nesse ponto, os estudos de casos propostos nesta seção podem ser inspiradores (ou não) para os projetos futuros. Infelizmente, não houve meios de traduzir e reproduzir todas as exposições realizadas durante o evento em Roma. Os anais do colóquio serão em breve publicados pela BNCR. 

https://lopez-vidriero.es/wp-content/uploads/2019/12/mlv_Dossie_1.pdf